A Fundação Nacional do Índio (Funai) quer ampliar de 20% para 26% do território de Mato Grosso em áreas indígenas. Hoje, cerca de 25 mil índios de diversas etnias ocupam 19,29 milhões de hectares e há a proposta de aumentar ainda em 4,61 milhões de hectares das reservas já existentes e criação de novas áreas, subindo para 23,903 milhões de hectares. Mato Grosso possui pouco mais de 90 milhões de hectares. Para evitar que a Funai consiga ampliar as reservas indígenas, os produtores rurais se movimentaram e procuraram o ministro da Justiça, Tarso Genro, pedindo que o Congresso Nacional seja o responsável pelo aumento das áreas dos índios e não a Funai. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, cita que o aumento das reservas indígenas vai refletir na redução das áreas de lavouras, pastagens e várias outras formas de exploração agroeconômicas. A preocupação do representante do setor produtivo é com a questão das indenizações e o aumento dos conflitos agrários. “Esse aumento será em cima de propriedades rurais e pode gerar insegurança”. Rui Prado cita Brasnorte como exemplo. O Ministério da Justiça autorizou demarcação da terra indígena que deverá englobar fazendas do município. “Tem proprietário que investe no manejo florestal na região. Não é só a terra que deve ser indenizada, mas todo o investimento feito”. Na avaliação dele não adianta aumentar as áreas indígenas, mas os investimentos em políticas públicas dentro das aldeias. “Os índios vivem em situação de miséria. Precisam de escolas, postos de saúde e não de mais terras”. Uma das integrantes da coordenação da reformulação do Estatuto do Índio de Mato Grosso, Francisca Navantino (Chiquinha Pareci) discorda do presidente da Famato. “A população indígena está crescendo. Grupos de índios bancados pelos produtores é que falam que não precisam de aumentar a área. Enquanto um fazendeiro com sua família é dono de milhares de hectares, nesse mesmo espaço podem viver dezenas de famílias de índios. São mais pessoas”. Ela ainda argumenta que os proprietários rurais não respeitam limites e invadem as reservas indígenas para exploração. Chiquinha Pareci afirma que a demarcação das terras indígenas, a melhoria das condições de saúde nas aldeias e a educação indígena são as principais reivindicações da população de índios em Mato Grosso.